Boxing Day

on Tuesday, December 26, 2006

Como é da tradição, o dia 26 de Dezembro proporcionou mais uma jornada da Premier League. Depois de ter reduzido a desvantagem em relação ao líder Manchester United para dois pontos, o Chelsea voltou a perder terreno e está agora a quatro pontos do primeiro lugar. Mas apetece-me dizer duas ou seis coisas sobre os últimos jogos dos dois candidatos ao título inglês.

O Chelsea, que este ano tem o plantel mais rico desde que Mourinho e Abramovich chegaram, está a jogar um futebol cada vez mais parecido com o do Sporting. Uma das coisas que me aborrece na minha equipa é o facto de, muitas vezes, só tentar jogar futebol quando está empatado ou a perder. Quando se encontra a ganhar desiste de impôr o ritmo e permite ao adversário reagir. Como a defesa está firme, raramente se tem dado mal com isso. Mas provoca mais sofrimento que o necessário. O mesmo está a acontecer actualmente com o Chelsea. Tanto com o Wigan como com o Reading, os leões de Londres pararam de jogar após a vantagem. No primeiro caso tiveram a sorte de Robben marcar o golo da vitória em período de compensação, no segundo lixaram-se bem, sofrendo um autogolo cruel (mas merecido) perto do fim. Se no Sporting percebo algumas intermitências, pela juventude de muitos jogadores e até por algumas limitações no plantel, não consigo conceber que tal se passe num plantel como o dos blues.

Outra questão tem a ver com dependências. Tal como o Sporting depende muito de Liedson, o Chelsea está cada vez mais dependente de Drogba. Lampard ainda vai marcando alguns golos, mas de resto é quase o deserto. Outra dependência clara é de John Terry. Sem o capitão, o Chelsea sofreu dois golos em cada um dos últimos três jogos. No primeiro, com o Everton, a comunicação social tuga meteu as culpas em Boulahrouz, ilibando Ricardo Carvalho, e a verdade é que o “canibal” fez um jogo horrível. Depois, em Wigan, o Khalid esteve bem melhor, mas sofreram dois golos na mesma. Hoje o eixo da defesa foi constituído por Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, mais Hilário, mas na SportTV não se ouviu nenhuma crítica aos portugueses. Eu continuo a dizer que são jogadores banais, incluindo Carvalho, apesar dos orgasmos que os jornalistas portugueses têm com ele. E não é que a porra dos resultados têm-me dado razão?

Já o Manchester está a jogar um futebol mais bonito, mais ofensivo e mais fresco. Hoje poupou muitos jogadores e não marcou na primeira parte, mas teve oportunidades para isso. Ao intervalo entrou Ronaldo e cinco minutos depois já tinha marcado dois golos, tal como em Birmingham. O “andorinha” já é o segundo melhor marcador do campeonato dos bifes, com 10 golos, menos dois que Drogba. Com 21 anos já vai na quinta época no futebol sénior, e sempre em crescendo. Em 2002/03, ainda no Sporting, fez 25 jogos e 3 golos, só no campeonato. Depois, no Manchester, tem os seguintes números (só campeonato): 2003/04 - 29 jogos / 4 golos; 2004/05 - 33 jogos / 5 golos; 2005/06 - 33 jogos / 9 golos; 2006/07 - 18 jogos / 10 golos. A isto podemos juntar 43 jogos e 15 golos na selecção, onde já foi vice-campeão europeu e quarto no Mundial.

Nunca vi jogar Eusébio, mas vi alguns resumos na televisão e conheço bem o currículo dele. Para mim, Luís Figo talvez já merecesse o título de melhor jogador português de sempre, pela carreira que tem feito, sempre a alto nível, sempre a titular, sempre nos melhores clubes do mundo. Mas Ronaldo, cuja carreira ainda agora começou, tem tudo para ultrapassar o “pastilhas”. Técnica? Perfeita! Habilidade? Genial! Velocidade? Explosiva! Pé direito? Forte e colocado! Pé esquerdo? Um pouco pior que o direito! Jogo de cabeça? Excelente! Autoconfiança? Interminável! Influência na equipa? Cada vez maior! O que lhe falta, então, para merecer tudo e mais alguma coisa da parte dos portugueses, especialmente da Imprensa? O mesmo que falta a Figo: nunca jogou no Benfica. Por incrível que possa parecer a quem vem de fora, esse handicap é suficiente para não subir o último degrau de reconhecimento que lhe(s) falta. Quem vir a capa de A Bola de hoje, 26 de Dezembro, percebe o que quero dizer. Não é rei, príncipe, maestro, mágico quem quer, nem sequer quem pode, mas sim quem frequenta o sítio certo.

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