
O formato teve semelhanças com aquele utilizado no Uruguai 1930, ou seja, a primeira fase foi disputada em grupos. Porém, estes não apresentavam um número igual de equipas. Os grupos 1 e 2 continham 4 equipas cada, enquanto o terceiro tinha 3 e o 4 somente duas equipas.
Os anfitriões venceram o México, por 4-0, a Jugoslávia(2-0) e cederam um empate a duas bolas frente à Suiça, qualificando-se no seu grupo. No último agrupamento, em que apenas se apresentavam duas formações, o Uruguai manietou a Bolívia por 8-0.
Nos grupos 2 e 3, Itália e Inglaterra não confirmaram o seu favoritismo.
Os britânicos tinham derrotado uma selecção do Resto da Europa, por 6-1, o que lhes conferia importante estatuto. Começaram por vencer o Chile(2-0) e o jogo contra os E.U.A., em Belo Horizonte, parecia destinado a novo triunfo. Apesar disso, os americanos conseguiram facturar aos 37 minutos. Gaetjens respondeu, de cabeça, a um cruzamento de Bahr. Os ingleses tudo fizeram para promover a reviravolta no marcador, mas o guarda-redes contrário mostrou-se intransponível. Os “bifes” viriam a ser eliminados, após derrota por 1-0 frente à Espanha, vencedora do grupo.
A Itália teve o seu momento fatídico frente à Suécia. Os transalpinos até começaram bem, com um golo de Riccardo Carapellese aos 7 minutos. Ainda antes do fim dos primeiros 45 minutos, os suecos marcaram por duas vezes, por intermédio de Jeppson e Sune Andersson. Jeppson viria a bisar, com Muccinelli a fixar o resultado em 3-2 a favor dos nórdicos.
Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha formaram um grupo final, do qual sairia o vencedor da prova e, por isso, é correcto afirmar que este Mundial não teve uma final propriamente dita, mas antes um jogo claramente decisivo.
Os canarinhos venceram os dois primeiros jogos, com claros 7-1 frente à Suécia e 6-1 contra a Espanha. O Uruguai venceu a Suécia(3-2) e cedeu um empate frente à Espanha(2-2). Os dois países sul-americanos eram, portanto, as únicas equipas que podiam chegar ao título.
Os canarinhos lideravam o grupo final com 4 pontos, necessitando apenas de empatar com os uruguaios(2 pontos) para manter o caneco em casa.
Perto de 200 mil pessoas assistiram de perto à partida, num Maracanã sobrelotado.
Mesmo precisando apenas de um empate, os brasileiros atacaram mais e encostaram o adversário às cordas. O tridente atacante Ademir, Zizinho e Jair bem tentava inaugurar o marcador, mas o “keeper” Maspoli fez o jogo da sua vida. Dois minutos após o inicio da 2ª parte, Friaca marcou, a passe do goleador Ademir. Os anfitriões faziam a festa.

O treinador Flávio Costa, em posição privilegiada para conquistar o troféu, mandou Jair jogar perto da defesa. O avançado ignorou o treinador e o Brasil não alterou o seu sistema de jogo. O experiente capitão uruguaio Varela não atirou a toalha ao chão e levou a sua equipa à vitória. O ala direito Ghiggia não deu descanso ao lateral brasileiro Bigode e , aos 66 minutos, cruzou para a estrela da companhia, Schiaffino(na foto), que facturou de cabeça.
O Brasil procurava nova vantagem, mas o Uruguai equilibrou a partida. A vitória podia pender para qualquer um dos lados. Ghiggia continuava a fazer o que queria do defesa-esquerdo do “escrete” e, quando todos esperavam um cruzamento, o extremo, com um remate em corrida, colocou a bola entre o poste e o guarda-redes Barbosa. 10 minutos depois o árbitro apitava para o final. 1-2 era o resultado final.
O impossível tinha acontecido. Num nobre gesto de “fair play”, os ainda atarantados adeptos da casa aplaudiram os vencedores. Foi o renascer da maior competição mundial de futebol, após um período negro para o globo.
Brasil: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode, Friaca, Zizinho, Ademir, Jair, Chico.
Uruguai: Maspoli, M.Gonzales, Tejera, Gambetta, Varela, Andrade, Ghiggia, Perez, Miguez, Schiaffino, Moran.
Marcadores: Friaca(47), Schiaffino(66), Ghiggia(79)
Árbitro: George Reader( Inglaterra)
199.854 espectadores
0 comments:
Post a Comment