
Depois da “pausa de Inverno” e consumada a eliminação das provas europeias, Adriaanse mudou o esquema de jogo. Começou a aplicar um (este sim, tipicamente holandês) 3x3x4. Apesar do espírito ofensivo patente, nas primeiras sete jornadas da segunda volta, apenas num jogo (no Restelo), os dragões conseguiram marcar mais que um golo. No entanto, ao contrário do que seria de esperar, a defesa azul-e-branca, normalmente comandada por Pepe, tem dado conta do recado e dado poucas abébias às equipas rivais. Em termos gerais, o esquema ainda não pode ser considerado um estrondoso sucesso, visto que nos jogos mais difíceis, com Sp. Braga em casa e Benfica fora, o dragão apenas conseguiu um ponto. Na jornada passada, pela primeira vez, o FC Porto conseguiu uma vitória convincente, um 3-0 perante um Nacional estranhamente disposto a jogar o jogo pelo jogo, depois da atitude que apresentou na Luz (duas vezes) e em Alvalade.

A vitória sobre o United deu início ao melhor período do Benfica na temporada, com nove vitórias consecutivas (sete para a Liga, uma para a Taça e outra para a Champions), algumas delas com muito sofrimento e nem sempre acompanhadas por bom futebol. Quando tudo parecia correr bem, veio o Sporting. O Benfica tinha toda a motivação para vencer, não só para poder aproximar-se do FC Porto como para afastar o Sporting de vez da luta pelo título. Em vez disso, derrota por 1-3 e subjugação total ao adversário. Seguiram-se derrotas em Leiria e Guimarães. Quando o céu parecia ir cair sobre as cabeças benfiquistas, vieram o Liverpool e o FC Porto. E três vitórias encarnadas, duas garantindo o acesso aos quartos-de-final da Liga dos Campeões e outra a continuação na disputa pelo título da Liga.
Analisando a carreira do Benfica, é fácil encontrar um padrão. A equipa de Ronald Koeman sente-se particularmente confortável nos jogos em que não tem de assumir o comando das operações. Se tiver de dar o domínio ao adversário, fantástico, se tiver de jogar taco-a-taco, tudo bem na mesma. Foi assim que o Benfica venceu o Manchester United, empatou em Villarreal, venceu o FC Porto e o Liverpool por duas vezes. Curiosamente, nem se pode dizer que os encarnados estão talhados para o contra-ataque, visto que nem sequer incomodam assim tanto as defesas adversárias. Ontem em Liverpool, por exemplo, apenas por três vezes o Benfica chegou com perigo à área contrária. Na primeira atirou a bola à trave, nas duas seguintes marcou. A eficácia foi quase perfeita. A nível defensivo a equipa está bem, mas não perfeita. O Liverpool, só na primeira parte, teve cinco oportunidades flagrantes, com duas bolas no poste e três falhanços isolados, de Carragher, Luís Garcia e Crouch. Na Liga, a equipa de Koeman está mais ou menos ao nível da de Trapattoni. A manter-se a média actual, o Benfica terminará a prova com 66 pontos, mais um que na época passada. Mas a nível europeu, a prestação encarnada melhorou, até agora. Pelo menos, derrotas claras como aquelas que aconteceram com Anderlecht, Estugarda e CSKA Moscovo parecem fora de contexto, hoje em dia.
Conclusão: o FC Porto, de Co Adriaanse, com uma filosofia de jogo tipicamente holandesa, tem chegado e sobrado (até ver) para ter sucesso na Liga Betadine, mas nos palcos europeus não teve a mínima hipótese; o Benfica, de Ronald Koeman, com um estilo e uma mentalidade de jogo decalcados do italiano (apesar de Koeman não ter tido qualquer experiência em Itália, como jogador ou treinador), tem sentido grandes dificuldades para se manter com ambições na Liga, mas tem progredido paulatinamente na Liga Milionária. Mais uns dois meses e veremos quem leva a melhor, o holandês holandês ou o holandês italiano. Por mim, espero que seja o português espanhol, esse mesmo, Pablo Biento.
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