Sá Pinto, também conhecido por muitos adeptos leoninos por Ricardo, Coração de Leão (!), é, para mim, um dos maiores equívocos que o Sporting já viveu (sim, eu lembro-me de Waseige, Peseiro, Missé-Missé ou Balajic, entre outros). Como é sabido, Sá Pinto é, desde há longos anos, um dos grandes ídolos da massa adepta sportinguista, com destaque para esse grupo iluminado chamado Juventude Leonina. Porquê? Não faço a mínima. Alegadamente, Sá Pinto é um verdadeiro sportiguista, que dá tudo dentro de campo, possui garra leonina, etc, etc. Para mim, em português corrente, isso é uma tanga gigantesca. Sá Pinto é dos jogadores que menos merece o estatuto de ídolo em Alvalade. Vou recordar alguns episódios que me levam a esta declaração, não diria de ódio... ou melhor, diria, diria.

Chegado ao Sporting em 94/95, vindo do Salgueiros (onde se especializou a fazer a vida negra ao... Sporting), Sá Pinto não se tornou titular indiscutível imediatamente. No entanto, as saídas de Figo, Balakov, depois Amunike, foram permitindo-lhe ganhar espaço na equipa. Até que resolveu estragar tudo, em 96/97. Espetou umas bolachadas em Artur Jorge, então seleccionador nacional, e foi castigado por um ano. Foi a primeira que ele aprontou ao Sporting. Mas tivemos sorte, encontrámos um asilo para ele, no País Basco. Na Real Sociedad cumpriu um contrato de três anos: no primeiro ofereceram-lhe uma Game Box para poder ver os jogos todos da equipa, no segundo calçou as chuteiras e fez umas coisas bonitas (já que falei no poeta, acho que ele merece uma citação) e no terceiro atrapalhou mais do que ajudou. Pelo que não renovou contrato.
Sem clube, Sá Pinto deu uma bela entrevista, onde revelou o que lhe ia na alma. Estava sentido com o Sporting por ainda não o ter contratado e, com uma chantagem psicológica de amador, recordou que era portista desde pequenino e que podia ter ido para as Antas em 94, mas, contra o seu coração, veio aterrar em Alvalade. Por incrível que pareça, o Sporting mordeu o isco e voltou a contratá-lo. Daí para cá tem sido o que se vê. Primeiro lesões, depois um visível (para quem quer ver) factor de impedimento de uma boa manobra colectiva, com uns golos pelo meio, claro. A última situação que me convenceu ainda mais que Sá Pinto é mais dado à sua causa do que à causa leonina aconteceu o ano passado, na recepção ao Rio Ave: penalty a favor do Sporting, Liedson prontificou-se a marcar, visto que era uma tarefa sua, mas o grande Ricardo não deixou. Ele sim, merecia marcar o penalty! Claro que tudo passou incólume, Peseiro, interrogado sobre o tema, limitou-se a mostrar o seu famoso sorriso amarelo. E hoje lá está Sá Pinto em grande, titular, às vezes capitão... E sempre, sempre, a atrapalhar o trabalho dos companheiros, como se viu esta noite em Barcelos.

Na cidade minhota, um lance definidor de Sá Pinto ficou na minha memória. Wender estava preparado para entrar, quando há uma falta favorável ao Sporting perto do local da substituição. Sá Pinto marca a falta rapidamente, mas o árbitro já tinha dado ordens para a alteração. O número 10 (!) protesta ferozmente, volta a pegar na bola, coloca-a no sítio e volta a marcar o livre. O árbitro volta a interromper e o Sá a refilar. Só então se apercebe da substituição, que ia decorrer dois metros atrás de si. Resultado, cerca de um minuto perdido quando o Sporting perdia por 1-2. Para mim, este lance resume o que é Sá Pinto: pouco inteligente, precipitado, refilão... Tudo o que um jogador modelo não pode ser.
Tantas vezes me revoltei eu em Alvalade ao ouvir os adeptos leoninos a chamarem tudo ao Pedro Barbosa, sempre que este perdia uma bola, e a aplaudirem Sá Pinto quando fazia o mesmo. Segundo a mole humana, o primeiro perdia a bola por ser um “chulo que não se mexe”, o segundo por “ter muita garra e dar tudo em campo”. Pedro Barbosa, um jogador com cérebro, que só queria ser apreciado dentro do campo (alguém sabe quem é a mulher dele?, quantas vezes o viram em revistas do coração?) saiu entretanto de Alvalade, sem honra nem glória, depois de dois títulos de campeão nacional, uma Taça e três Supertaças. Já o Sá, que de vez em quando lá aparece com a sua Frederica nas revistas cor-de-rosa (pelos vistos já desistiu de ser modelo), lá continua a contaminar o grupo de trabalho. Vale que apenas por mais uns meses (espero que não haja reviravoltas de última hora). Mas se for preciso ainda lhe dão um cargo qualquer no clube e teremos de o continuar a gramar...
PS - Não quero ser injusto e reconheço que tenho algo a agradecer a Sá Pinto. Lá para 1996, dois golos seus permitiram uma vitória por 3-0 sobre o FC Porto, em Paris, na finalíssima da Supertaça dessa época. Nove anos depois, ainda não percebi que mais fez ele de bom pelo clube.
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