
Quanto à vertente desportiva, como analisar? Roquette tinha prometido que o Sporting ia passar a ganhar três em cada cinco campeonatos e tinha condições para se tornar num dos maiores seis clubes europeus. O primeiro objectivo pareceu poder ser cumprido, com os títulos de 2000 e 2002, mas depressa se perdeu a dinâmica vencedora. Do segundo nem vale a pena falar, é mais uma tirada à Luís Filipe Vieira, entre uma sande de coirato e uma mine, que outra coisa. Basta ver as participações do Sporting na Liga dos Campeões, teste obrigatório para quem pretende ser grande. Para o sucesso do projecto desportivo muito contribuiria a firme aposta nas escolas do clube, indiscutivelmente as melhores do país. O Sporting continua a produzir talentos, mas cada vez os aproveita menos. Simão, Quaresma e Ronaldo, por exemplo, apenas jogaram na equipa principal um ou dois anos, antes de serem vendidos, por preços claramente abaixo do seu valor potencial. Para além disto, nunca houve uma linha coerente no projecto desportivo. Basta ver o número de treinadores e responsáveis pelo futebol que passaram por Alvalade na última década.

O grande motivo de polémica do momento está ligado à venda ou não do património imobiliário não desportivo do Sporting. A venda é contrariada por muita gente, mais ou menos ilustre, mas apoiada por outra facção, na qual se destacam José Roquette, Miguel Ribeiro Telles e José Eduardo Bettencourt. Percebendo pouco ou nada de gestão, algumas dúvidas colocam-se-me. Vender algo significa que deixa de ser nosso, ganhamos o dinheiro acordado no negócio e nada mais, perdemos todo o poder sobre o objecto. No futebol português o que mais existe são casos assim, em que se vende tudo e mais alguma coisa para se resolver problemas imediatos. Quando esse dinheiro acabar, o que resta? O que se vende então? Segundo sei, o projecto para a zona prevê a criação de muitos edifícios, para habitação e escritórios. O Alvaláxia, então, passará a ser o local comercial mais forte da zona. Não será então uma boa fonte de receitas para o Sporting?

- Na época passada, Dias da Cunha insurgiu-se contra muitos sócios e adeptos leoninos, apelidando-os inclusivamente de escória, depois destes contestarem José Peseiro após um horrível início de época. Esse mesmo Dias da Cunha tornou-se conhecido de grande parte do universo sportinguista em 1999/2000, depois de um U. Leiria-Sporting, em que os leões cederam um empate, mas mantendo-se no topo do campeonato que, aliás, vieram a ganhar. Razão para essa fama súbita: críticas públicas e fortes ao então treinador, Inácio, e à equipa, que provocaram incómodo no clube. Primeiro telhado de vidro.
- Dias da Cunha defendeu até ao fim José Peseiro, para mim o pior treinador do Sporting nos últimos 20 anos. Aliás, demitiu-se da presidência após a resignação do técnico. Em 2004, o mesmo Dias da Cunha demitiu ou pactuou com a demissão de Fernando Santos, de forma indigna, após uma digressão de fim de época à América do Norte. E o engenheiro tinha feito mais 12 pontos no campeonato que Peseiro. Segundo telhado de vidro.
- Pressionado pelos adeptos do Sporting para demitir José Peseiro, Dias da Cunha nunca vacilou, vincando que o clube era dirigido de dentro e não de fora. Tudo óptimo! Mas foi na presidência de Dias da Cunha que o Sporting voltou atrás na intenção de contratar José Mourinho, devido às pressões da Juve Leo. Terceiro telhado de vidro.
Seja como for, uma coisa é certa. Em crise, em falência, em hecatombe, nunca o Sporting teve tantos candidatos a candidatos e tanta gente interessada em entrar no clube. Resta saber quem será o mais habilitado para conduzir o clube nesta altura decisiva. Confesso que ainda não sei.
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