
Paulo Bento, para já, tem um currículo impressionante como treinador. Uma época, uma prova disputada, um título. Cem por cento de eficácia. Claro que foi apenas um título nacional de juniores, mas não deixa de ser um bom começo. E o Sporting, apesar de ter claramente a melhor escola portuguesa de jogadores, tem menos títulos nas camadas jovens que Benfica e FC Porto. Como treinador principal, Paulo Bento não pode fazer mais do que tentar salvar o que for possível, isto é, tentar ficar entre o 3º e o 5º lugares, conseguindo o apuramento para uma prova europeia, e começar a preparar a próxima época.
Para já, posso dizer que estou satisfeito com o trabalho de Paulo Bento à frente da equipa principal do Sporting. Tanto em termos estatísticos, como de atitude. Fiz uma pequena e rápida pesquisa estatística, para comprovar que o ex-trinco internacional português, em termos de resultados, não se tem saído assim tão mal quanto isso. Para tal comparei o seu rendimento com o de José Peseiro no Sporting e com o de José Mourinho no Benfica e no FC Porto, quando teve pegar nas equipas com a temporada em andamento.
José Peseiro, na época passada, somou 61 pontos em 34 jogos, o que dá uma média de 1,79 pontos por jogo. No período em que dirigiu a equipa nesta temporada, o campino ainda fez pior: 12 pontos em 7 jogos, média de 1,71 por jogo. Paulo Bento, para já, somou 22 pontos em 12 jogos, o que dá uma média de 1,83 pontos por encontro. Em todo o caso, melhor do que Peseiro. Em termos classificativos, Paulo Bento encontrou o Sporting em 7º lugar e colocou-o, para já, em 5º, apesar de a diferença para o líder ter aumentado entretanto de 5 para 9 pontos. Convém não esquecer que, neste período, os leões jogaram no Bessa, no Dragão e em Braga, tendo perdido apenas um desses jogos. As nódoas foram mesmo a derrota com o Estrela e o empate com o Marítimo.

Pelos números, e parafraseando o nada saudoso ex-treinador do Sporting, Paulo Bento ainda merece ter crédito junto dos sportinguistas. Para além disso, Bento ainda pode queixar-se de ter herdado um dos piores plantéis leoninos dos últimos anos. Hugo Viana, Rochemback, Enakarhire, Rui Jorge e Pedro Barbosa, indiscutíveis na época passada, deixaram o clube, por diferentes razões. Já com o actual treinador, o Sporting sofreu mais duas baixas, Rogério e Beto, que saíram de Alvalade por vontade própria. Ao todo, são sete titulares, ou no mínimo, jogadores bastante utilizados. É certo que Paulo Bento abdicou de outros jogadores, como Wender, Paíto, Edson, Pinilla, Silva e Varela, que, ao todo, somaram 586 minutos no relvado para a Liga, esta época. Ou seja, nenhum destes jogadores se conseguiu impor no Sporting, com ou antes de Paulo Bento.

Em comparação com, por exemplo, José Peseiro, o actual técnico tem, pelo menos, duas vantagens. Por um lado, na imposição da disciplina, coisa que, como é sabido, não existiu em Alvalade durante os 16 meses de reinado do coruchense. Não me parece que um jogador que mande Paulo Bento “tomar” num certo sítio tenha muita sorte. Não sei se o afastamento de Beto do onze terá a ver com disciplina, mas concordei com ele. Beto, alegadamente grande sportinguista, não tardou a querer fugir assim que perdeu o seu lugar cativo na equipa. Se calhar foi esse lugar cativo que o levou a estagnar enquanto jogador, há alguns anos. Pensando bem, as únicas épocas decentes que Beto fez no Sporting foi com parceiros experientes ao lado, nomeadamente Marco Aurélio e André Cruz. Quando foi ele a ter de comandar a defesa, as coisas raramente correram bem. Eu ainda penso que Beto é melhor que Polga, mas não fico chocado com a sua saída. A única situação que não compreendo e na qual não apoio Paulo Bento é na sua insistência em Sá Pinto. O agora capitão tem um rendimento fraquíssimo e até perigoso para a equipa, como se viu nos dois últimos jogos. É um mistério que gostava de ver esclarecido. A outra vantagem de Paulo Bento é a forma como fala na Comunicação Social. Ao contrário de Peseiro, que aparecia inchado quando ganhava e se engasgava quando perdia, Bento mantém sempre a mesma atitude confiante e só responde ao que lhe interessa e da forma que lhe interessa. Um pouco à Mourinho, salvo seja.
Muitos adeptos do Sporting exigem ter um treinador de renome internacional. Parece-me mal pensado. Para já, existem poucos nomes que dão garantias de sucesso, isto é, que tenham um currículo totalmente à prova de desconfianças: José Mourinho, Rafa Benitez, Arsene Wenger, Alex Ferguson, Fabio Capello, Marcello Lippi, Guus Hiddink, Otmar Hitzfeld, Otto Rehhagel e poucos mais. Estes estão claramente fora do alcance do Sporting, nesta altura. Outros há que têm currículos impressionantes, na América do Sul, por exemplo, mas que falharam rotundamente na Europa. Os casos mais recentes foram os de Wanderlei Luxemburgo e Carlos Bianchi, recém-demitidos dos dois maiores clubes de Madrid. Portanto, e para evitar fiascos como estes e como Waseige, Materazzi, Souness, Heynckes, Del Neri e Fernandez, porque não deixar Paulo Bento mostrar o que vale no início de uma época, com um plantel formado por ele? Até pode dar certo!
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