Do Tamisa ao Weser

on Sunday, August 13, 2006
Finalmente está a começar a época de futebol a sério. Depois de um Mundial que, como sempre, foi uma festa, mas que, na minha opinião, não representa o que é a essência do futebol, o início dos campeonatos nacionais e das competições europeias é um motivo de grande alegria para os verdadeiros fans do jogo. Durante o Mundial vi pessoas “doentes” com a selecção nacional, mas que não sabiam distinguir um livre directo de um livre indirecto. Como não acho piada nenhuma a estes patrioteirismos instantâneos, fico feliz por só haver Mundial de quatro em quatro anos.

Depois de a Liga francesa já ter começado na semana passada, este fim-de-semana teve início a Bundesliga, o meu campeonato fetiche, e disputou-se o Community Shield, a versão inglesa da Supertaça. Na primeira competição, merecem destaque o facto de o Lyon já ter perdido dois pontos, e em casa, e de Pauleta manter o mesmo ritmo do Mundial: ainda não marcou e o PSG ainda não ganhou.

Em Cardiff, como tem acontecido nos últimos anos, enquanto Wembley não fica pronto, disputou-se mais um capítulo da guerra entre Chelsea e Liverpool ou, se quisermos (como diria Joaquim Rita), entre Mourinho e Benitez. E tal como tinha acontecido no último encontro, então para as meias-finais da FA Cup, o espanhol levou a melhor, vencendo por 2-1. Mourinho já tinha avisado que o Liverpool se ia apresentar em melhor condição, por ter mais tempo de trabalho e mais jogos realizados. O Special One não mentiu, os reds foram claramente melhores.


Na equipa inicial Mourinho apresentou apenas dois reforços, e os mais sonantes, Ballack e Shevchenko, além do regressado Bridge. Também Benitez colocou dois novos em campo, os extremos Pennant e González. O Liverpool marcou dois golos, um a abrir e outro a fechar, que o Chelsea não costuma sofrer: no primeiro Riise correu uns 70 metros com a bola, sem ninguém o importunar, e rematou de longe, batendo um surpreendido Cudicini; no segundo foi Bellamy quem deixou Paulo Ferreira a dormir, tirou Ricardo Carvalho da frente como quem tira um bidão de gasolina e cruzou para Crouch cabecear facilmente, perante um Terry travestido de barata tonta. Pelo meio Shevchenko marcou o seu primeiro golo oficial, concluindo com classe um grande passe de Lampard.

Mourinho perdeu já um dos cinco troféus da época, sendo certo que é o menos importante deles. Tenho para mim que esta é uma época importantíssima para o treinador sadino. Se a vitória na Liga dos Campeões voltar a fugir, acredito que nem Abramovich nem os adeptos blues ficarão muito contentes. O Chelsea tem que fazer uma época melhor que as anteriores (Campeonato e Taça da Liga na primeira e Campeonato e Supertaça na segunda). Até porque os londrinos parecem ter regredido um pouco nestas duas épocas.

No campeonato, depois de uma época em que o Chelsea sofreu apenas uma derrota em terminou com 12 pontos de avanço, a temporada passada ficou um pouco abaixo. Os blues fizeram menos 4 pontos (91 contra 95), sofreram mais 4 derrotas (5 contra 1) e sofreram mais 7 golos (22 contra 15), tendo mantido o número de vitórias (29) e de golos marcados (72). A diferença para o segundo classificado foi também reduzida para 8 pontos. Na Liga dos Campeões, o Chelsea passou de eliminado nas meias-finais para derrotado nos oitavos-de-final. Para além disso, voltou a falhar na FA Cup, não chegando à final, e na Taça da Liga, onde defendia o título, também ficou cedo pelo caminho. Por isso, e tendo em conta que o Chelsea continua a não se poupar no reforço do plantel, penso que Mourinho está obrigado a dar um passo em frente nesta temporada, se quer manter o seu prestígio intacto. Isto é, vencer a Liga dos Campeões, para além do campeonato, naturalmente.

Eu sempre defendi que a escolha pelo Chelsea não foi a melhor para Mourinho provar que é o melhor do mundo. Recordo-me que o setubalense também foi falado para o Liverpool, antes deste optar por Benitez, e penso que aí sim, Mourinho poderia cobrir-se de glória. Pegar no maior clube inglês, que não vence o campeonato há quase 20 anos e levá-lo ao título seria um feito inesquecível. No Chelsea, por muito que trabalhe e por muito que ganhe, Mourinho ficará sempre ligado ao dinheiro de Roman Abramovich. E se não ganhar tudo aquilo a que é “obrigado”, ainda pior. Ou seja, penso que Mourinho, nesta altura, tem muito mais a perder que a ganhar no Chelsea.

“Porto” ganha em Hannover

Na primeira jornada da Bundesliga, algumas ideias fortes já transpareceram. O Bayern, mesmo sem Ballack e sem brilhar, continua a ser o maior favorito ao título. Por seu lado, os assumidos candidatos ao título Hamburgo e Schalke 04 entraram em prova logo a mostrar que se calhar ainda não são ameaça ao domínio bávaro. Ambos empataram em casa, e ambos a um golo, e ambos frente a candidatos à descida: Arminia Bielefeld e o meu Eintracht Frankfurt, que tem tudo para dar mais um passo no regresso ao estatuto de grande clube alemão. Para já, queremos fazer um campeonato tranquilo, depois das aflições da época passada. Acho que temos condições.

Quem demonstrou que vai ser o grande desafiador do Bayern foi o Werder Bremen. Uma semana depois de ter derrotado os bávaros por 2-0 na final da Taça da Liga, o Bremen iniciou a Bundesliga de forma concludente, ao vencer no terreno do rival Hannover 96 por 4-2. Os verdes inauguraram o marcador por Diego, um grande amigo de Co Adriaanse que tem a responsabilidade enorme de substituir o maestro (Rui Costa, perdoa-me) Micoud, que regressou ao Bordéus. O Hannover empatou e deu a volta na segunda parte. A 11 minutos do fim, um tal de Hugo Almeida, entrado três minutos antes, fez o 2-2. Co Adriaanse também deve ter ficado muito contente. Nos 10 minutos finais, o Bremen meteu mais duas batatas, a primeira das quais pelo inevitável Klose. Quem fez as assistências? Diego, pois claro. Se Benfica e Sporting têm muitas histórias de desperdício de capital humano para contar, o nosso Porto também vai contribuindo com umas larachas...

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