Como quase todos os sportinguistas, torci o nariz à chegada deste treinador ao meu clube, independentemente de, ao que parece, ter tido melhor nota no curso que José Mourinho. Como tal, tenho o nariz em estado deplorável, pois ando a torcê-lo há mais de um ano e, pelo que me apercebo, isto não tem fim à vista. José Peseiro é, para mim, o pior treinador que vi a comandar o meu clube, e já tive de levar com Octávio Machado e Carlos Manuel, entre outros. Ao fim de mais de um ano à frente da equipa, ainda não percebi (e se me tenho esforçado!) perceber a que nível Peseiro é uma mais-valia. Tacticamente? Estrategicamente? A motivar os jogadores? Discurso vencedor? Disciplinador? Para mim, em nenhum. Claro que tudo isto seria dispensável se tivesse acumulado títulos. O problema é que para acumular títulos é preciso ter qualidade. Ou seja, é um círculo vicioso no qual José Peseiro já mostrou que não consegue entrar.

Vejamos os desempenhos do Sporting nas várias competições que disputou sob o comando de Peseiro:
Superliga 2004/05: Apesar de ter lutado pelo título até à 33ª jornada, o Sporting de Peseiro somou a sua terceira mais baixa pontuação desde que o campeonato tem 18 equipas, 61 pontos. Piores só as equipas de 97/98 (56 pontos, numa época em que teve quatro treinadores) e de 02/03 (59 pontos com Bölöni, numa época cheia de problemas, a começar nos de João Pinto e Jardel). Outro dado esclarecedor do mau campeonato realizado pelo Sporting é o número absurdo de jogos que terminou em branco: 11!!! (onze!!!), o que em 34 jornadas dá um terço dos jogos sem marcar golos. Ora, para uma equipa que Peseiro apelidava de super-ofensiva... Nem quero imaginar como seria se fossemos uma equipa defensiva... OK, podem falar nas goleadas ao Boavista, ao Rio Ave e a outros, mas desde quando é que isso apaga as derrotas com o Penafiel, o Nacional e os empates com a U. Leiria, a Académica, o V. Setúbal, só para falar nos jogos caseiros? Em resumo, o Sporting fez um dos piores campeonatos de sempre!
Taça 2004/05: Passámos duas eliminatórias obrigatórias (Naval e Pampilhosa) e fomos eliminados na Luz, nos penalties. Não é escandaloso, mas não me esqueço que por duas vezes o Sporting esteve em vantagem e nas duas vezes não as soube segurar por mais de cinco minutos...
Taça UEFA 2004/05: Fomos finalistas vencidos. Muitos sportinguistas e o próprio Peseiro ficaram orgulhosos com a “maravilhosa campanha” (palavras do próprio Peseiro), mas a verdade é que o Sporting não fez mais que a sua obrigação ao chegar à final (e aí Peseiro tem esse mérito, pois outros não cumpriram essa obrigação, graças a Casinos, Rapids, Grasshoppers, Vikings e afins). Ora vejamos, na fase de grupos o Sporting era segundo cabeça-de-série e mesmo assim terminou em 3º lugar, atrás de Newcastle e Sochaux (com quem perdeu em Alvalade). Daí até à final, tudo foi favorável ao Sporting. Senão vejamos: só apanhou equipas holandesas (em seis eliminatórias contra equipas deste país, os leões seguiram sempre em frente) e inglesas (dos países mais poderosos é o mais acessível ao Sporting, que em oito eliminatórias ganhou cinco e perdeu apenas três). Ou seja, até à final o Sporting evitou sempre clubes de países com quem se dá mal, casos de Alemanha, Itália, Espanha e França. Para além disso, os adversários ingleses que defrontou, além de não serem de topo, ainda estavam dizimados por lesões naquela altura. Finalmente... a final! O Sporting apenas tinha defrontado equipas russas uma vez, o Spartak Moscovo na Liga dos Campeões de 2000/01. Resultados? 0-3 em casa e 1-3 fora. Ou seja, aqui Peseiro não inverteu a História, limitou-se a segui-la. E até Maio passado, apenas uma equipa tinha perdido uma final europeia em casa: A AS Roma em 1984 foi derrotada pelo Liverpool nos penalties, na final da Taça dos Campeões. Ou seja, aquilo que para Peseiro foi “maravilhoso”, para mim foi traumatizante, pois não sei se teremos outra oportunidade destas.
Liga dos Campeões 2005/06: Depois de ter perdido o título e o acesso directo à Liga dos Campeões nas duas últimas jornadas da época passada, o Sporting teve pela frente a Udinese, de Itália. Havia adversários mais acessíveis, é verdade, mas uma equipa que quer estar na “Milionária” tem que estar preparada para defrontar as melhores. E se o Sporting fez a figura que fez frente à Udinese, qual seria o interesse em jogar contra Milan, Juventus, Manchester, Chelsea, Bayern... Para envergonhar ainda mais o emblema?

E por fim chegou a derrota de ontem na Choupana. Na primeira vez que teve oportunidade de se isolar na frente da Liga, o Sporting falhou. E é assim o Sporting de Peseiro, o clube do quase. Quase ganhou tudo, mas quase ganhar tudo é diferente de ganhar quase tudo e é essa a diferença entre um clube simpático e um clube grande. Somos quase grandes. Quase... odeio esta palavra!
PS - Tenho mais a dizer sobre José Peseiro, mas não quis tornar o texto ainda mais longo, pelo que deixarei para uma próxima oportunidade. Aliás, tenho (infelizmente) a certeza de que motivos para descascar no campino não faltarão...
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