O antigo super defesa-central do PSV Eindhoven, do Barcelona e da selecção holandesa, que fuzilava guarda-redes como quem bebe água, tem ainda uma carreira curta como treinador. É certo que já venceu alguns títulos ao serviço do Ajax, mas aí, como diria o outro, qualquer um se arrisca... No entanto, em Portugal, depois de um início negativo na Liga Betadine, toda a gente lhe caiu em cima. Todos... menos eu, e vou explicar porquê.
Uma das maiores críticas que os jornalistas têm dirigido ao holandês é a de que ele não soube aproveitar e até destruiu o melhor que o Benfica de Trapattoni tinha: a consistência defensiva. Ora, peguei nos Cadernos de A Bolha, página 124, onde estão os dados relativos a todos os campeões desde 1934/35, e confirmo que a única coisa de campeão que o Benfica teve o ano passado foi o 1º lugar. Nada mais. Os números são claros. A “consistência defensiva” de Trapattoni traduziu-se em 31 golos sofridos em 34 jogos, uma média de quase um por jogo. Vendo os outros campeões desde que o campeonato tem 34 jornadas, reparo que apenas uma vez sofreu mais golos que isso. Foi o FC Porto de 97/98, que sofreu 38 golos, mas marcou 75! Além disso, o Benfica marcou 51 golos, apenas 1,5 por jogo. Antes disso, pior só o Sporting de 1999/2000, com 57 golos. Mais ainda, o Benfica sofreu 7 derrotas. O máximo de derrotas que um campeão tinha sofrido até hoje era de 5, e só aconteceu em três ocasiões. Em Portugal, em média, um campeão sofre entre 1 e 3 derrotas por época. Para terminar, o Benfica fez 65 pontos. A pior marca anterior, em campeonatos de 34 jornadas, era a do Sporting em 2001/02, 75 pontos. Mais 10 que o Benfica de Trapattoni! Ou seja, o italiano acabou por ser considerado um herói, na época passada. No entanto, tenho a certeza que se Koeman fizesse uma época igualzinha à de Trap, seria considerado um vilão. Porque 65 pontos, em Portugal, normalmente só dão para um 3º ou 4º lugar e não acredito que este ano FC Porto (principalmente) e Sporting mostrem tanta incompetência como na época passada.
Além dos dados estatísticos, há outra questão que abona em defesa de Koeman. Se o “Dynamic Duo” que dirige o Benfica quisesse um substituto à altura de Trapattoni, que fez questão de regressar a Itália (ouvi dizer que Stoccarda é uma das mais belas cidades transalpinas), teria ido buscar outro italiano ou, em alternativa, promovido Álvaro Magalhães a treinador principal, depois de um ano a coadjuvar Trapattoni. Porque pedir a um holandês que siga a linha de um italiano é algo de criminoso. Em desfavor de Koeman, e não é tão pouco como isso, é o facto de nunca na pré-época ter treinado o esquema que implantou logo à 2ª jornada. Isso remete-nos (como sempre, hoje em dia, quando se fala de treinadores) para Mourinho, que, nas pré-épocas do FC Porto, preparava a equipa não só em 4x4x2 e 4x3x3, mas também para jogar com 10, prevendo alguma expulsão. Mas génios aparecem de vez em quando e Zaandam (terra natal de Koeman) é muito longe de Setúbal...
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